Vamos começar pelo óbvio: a vida é feita de escolhas. A gente escolhe a roupa que vai vestir, o estilo de cabelo que vai usar. A gente escolhe a namorada ou o namorado. E a gente escolhe a profissão. Nem sempre foi assim: durante séculos, meninos que nasciam no campo muito cedo tinham de ajudar o pai na lavoura. Não havia opção, ou, ao menos, não havia opção sem conflito. Mas, para uma boa parte da população brasileira, a escolha profissional é hoje uma coisa possível. Possível não quer dizer fácil: às vezes o processo de optar por esta ou por aquela carreira é problemático e até angustiante. Aqui vão algumas considerações que têm o propósito de ajudar neste processo.
Na escolha intervêm basicamente dois componentes: aquilo que a pessoa gostaria de fazer, e às vezes gostaria muito de fazer (o que é chamado de vocação), e aquilo que é conveniente fazer. Se você anunciar em casa que quer ser poeta seus pais ficarão preocupados; eles sabem que livros de poesia não vendem muito e que será problemático ganhar a vida desta maneira. Dirão: escolha outra profissão, e faça poesia nas horas vagas.
Funciona? Às vezes funciona. Carlos Drummond de Andrade, grande poeta, era funcionário público. Isto não impediu que produzisse uma grande obra. A melhor situação é aquela em que a pessoa tem uma vocação que atende a uma necessidade social evidente: alguém que tem paixão por ensinar, por exemplo. Quando isto não acontece, temos duas opções: fazer aquilo de que gostamos, ou aprender a gostar daquilo que fazemos. De qualquer maneira, gostar é aí (como em qualquer outra situação) um verbo essencial.
Isto é uma consideração geral, não muito prática, mas que serve de ponto de partida para orientar a escolha. Agora vamos a uma outra consideração. Quando eu fiz vestibular, isto na pré-história, as opções (ao menos na minha cidade, Porto Alegre) eram poucas: medicina, engenharia, direito, arquitetura, filosofia e mais algumas. Hoje é incrível a variedade de cursos que as universidades oferecem. E um fenômeno novo também está ocorrendo: as pessoas trocam muito de curso (às vezes como quem troca de roupa). "Não gostei" é a explicação mais freqüentemente dada para isso; como gostar é importante, parece ser razão suficiente.
Mas pode nascer de um equívoco. Uma coisa é o curso, outra coisa é a profissão à qual este curso conduzirá. Às vezes o curso é decepcionante, sobretudo nos primeiros semestres, mas a profissão é uma excitante aventura. Portanto, um bom conselho é não confundir as duas coisas. Escolha profissional deve ser baseada em um conhecimento da profissão, do que ela significa no dia-a-dia da pessoa.
Finalmente, uma terceira ponderação. Se a opção é difícil, se ela lhe causa angústia, não hesite em pedir ajuda. Fale com pessoas mais velhas, mais experientes. E ah, sim, recorra ao auxílio psicológico se você sentir que o problema é muito grande. Muitas vezes a opção torna-se problemática porque nós estamos vivendo um momento problemático. Descobrir quem somos, e o que queremos, é importante, e um tratamento pode ser fundamental para isto. Finalmente, lembre-se: profissão é essencial na vida, mas a vida é maior que a profissão. E você sempre pode contar com a energia da vida para atingir seus objetivos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário