Antigamente, a Quaresma era o período durante o qual – por meio da penitência e da provação – os catecúmenos* se preparavam para receber o batismo na noite de Páscoa. A Liturgia sempre coloca Jesus no Evangelho do Primeiro Domingo da Quaresma vencendo as tentações do demônio (cf. Mt 4,1-11). O Nosso Senhor e Mestre não só vence como também nos dá as dicas para vencermos o nosso inimigo e as tentações pequenas e grandes que enfrentamos todos os dias.
O Senhor derrotou o maligno por meio da Docilidade ao Espírito Santo, pois “no deserto, Ele era guiado pelo Espírito”, da Palavra: “A Escritura diz: ‘Não só de pão vive o homem”; da Oração: “Terminada toda a tentação, o diabo afastou-se de Jesus”; do Jejum: “Não comeu nada naqueles dias e, depois disso, sentiu fome”, e pela Adoração: “Adorarás o Senhor teu Deus, e só a Ele servirás”. Exercendo Sua autoridade que vinha de uma vida coerente e santa. Isso fica bem claro na leitura deste Evangelho.
A Quaresma é um tempo privilegiado para intensificar o caminho da própria conversão. Esse caminho supõe cooperar com a graça, para dar morte ao "homem velho" que atua em nós. Trata-se de romper com o pecado, que habita em nosso coração, nos afastar de tudo aquilo que nos separa do plano de Deus, e, por conseguinte, de nossa felicidade e realização pessoal.
No pórtico da Quaresma recém-começada, encontramos Jesus tentado pelo diabo. A Bíblia tem vários nomes para esse personagem, mas em todos subjaz a mesma incumbência da sua missão: o que separa, o que arranca; diabo, dia-bolus: o que divide. O demônio – no meio do mundo que o ignora e o torna frívolo – está mais presente que nunca: nos medos, nos dramas, nas mentiras e nos vazios do homem pós-moderno, aparentemente descontraído, brincalhão e divertido.
Quem duvida de que existem mil diabos, que nos encantam e seduzem a partir da chantagem das suas condições e, apresentando-nos tudo como fácil e atrativo, e que nos separam de Deus, dos demais e de nós mesmos?
Jesus venceu o diabo!
A Quaresma é um tempo privilegiado para voltarmos ao Senhor, unindo novamente tudo o que o tentador separou. Jejuando quarenta dias no deserto, Cristo consagrou a abstinência quaresmal. Desarmando as ciladas do antigo inimigo, ensinou-nos a vencer o fermento da maldade. Celebrando agora o mistério pascal, nós nos preparamos para a Páscoa definitiva.
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