Palavra do Padre



                                               O homem à procura de Deus

O homem é caracterizado como sendo um ser religioso. A partir de que se pode fazer essa afirmação? A partir dos estudos das práticas religiosas do homem como, por exemplo, as orações, sacrifícios, cultos, meditações, etc. essas práticas estão presentes já desde as primeiras civilizações até os dias atuais e isso faz com que o homem possa ser caracterizado como um ser religioso. E onde está o porquê dessas atividades religiosas? O porquê está no desejo de Deus inscrito no coração do homem, desejo ai posto pelo mesmo Deus que, ao nos criar, colocou em nosso coração o desejo do bem, da verdade e da felicidade. Tal bem, verdade e felicidade VERDADEIRAS somente podemos encontrar em Deus já que Ele mesmo é esse bem, verdade e felicidade que procuramos. Assim, fomos criados POR Deus e PARA Deus, o qual não cessa de nos atrair para Ele, ou seja, Deus colocou em nós um desejo que somente Ele pode satisfazer plenamente e através desse desejo somos atraídos por e para Deus.  Santo Agostinho, em seu livro “Confissões”, expressou muito bem essa busca do coração humano ao dizer: “porque nos fizestes para vós e o nosso coração não descansa enquanto não repousar em vós.” Ou seja, enquanto não encontrarmos Deus em nossa existência estaremos continuamente à sua procura – isso acontece não somente com o cristão, com o evangélico ou o muçulmano, mas é algo de todo e qualquer homem/mulher seja ele católico, judeu, protestante, brasileiro, chinês, africano, inglês, ou seja, trata-se de uma busca de todo homem/mulher. Essa busca realiza-se de modo consciente ou inconsciente, queira o homem ou não fazer essa busca ele está continuamente procurando satisfazer esse desejo de seu coração porque este não é um desejo passageiro, transitório, como se pudéssemos dizer: “hoje tenho desejo/saudade de Deus” e, no outro dia, pudéssemos afirmar o contrário: “hoje estou sem desejo/saudade de Deus”. Em TUDO aquilo que fazemos estamos realizando essa busca, tentando preencher esse “vazio” e um dos pensadores gregos chega inclusive a afirmar que, “quando o homem faz o mal, ele o faz por pensar encontrar naquele mal o bem, a verdade e a felicidade que seu coração procura”; assim, o homem faria o mal procurando o bem e não simplesmente o mal pelo mal porque o mal não satisfaz seu desejo do bem, da verdade e da felicidade verdadeira. Chega, porém, ao homem um momento em que ele descobre que somente Deus pode satisfazer esse triplo anseio de seu coração e, então, diante dessa constatação o homem pode ter as atitudes de querer esquecê-la, ignorá-la ou explicitamente rejeitá-la não fazendo, conseqüentemente, o que estiver ao seu alcance para entrar nessa comunhão vital com Deus que faz ter um fim essa sua busca (conforme a citação de Santo Agostinho que fizemos acima). Se o homem pode esquecer ou rejeitar a Deus, este, por sua parte, não cessa de chamar todo homem a procurá-lo, para que viva e encontre a felicidade. 

Em Cristo Jesus
Pe. Marinaldo


                                                                                                                                      Belém, 28/02/2011.