A liturgia de hoje oferece-nos duas pequenas parábolas de Jesus: aquela da semente que cresce por conta própria e a da semente de mostarda (cf. Mc 4,26-34). Através de imagens tiradas do mundo da agricultura, o Senhor apresenta o mistério da Palavra e do Reino de Deus, e indica as razões da nossa esperança e do nosso compromisso.
Na primeira parábola, o foco é sobre o dinamismo da semeadura: a semente que é lançada sobre a terra, seja que o agricultor adormeça ou desperte, brota e cresce por si. O homem semeia com a confiança de que seu trabalho não será infrutífero. O que sustenta o agricultor em sua labuta cotidiana é exatamente a crença na força da semente e na bondade do solo. Esta parábola refere-se ao mistério da criação e da redenção, do trabalho fecundo de Deus na história. É Ele o Senhor do Reino, o homem é seu humilde colaborador, que contempla e aprecia a ação criadora de Deus, e espera pacientemente pelos frutos. A colheita final nos faz pensar na intervenção conclusiva de Deus no final dos tempos, quando Ele edificará plenamente o seu Reino. O tempo presente é o tempo da semeadura, e o crescimento das sementes é garantido pelo Senhor. Todo cristão, então, sabe bem que deve fazer todo o possível, mas que o resultado final depende de Deus: este conhecimento sustenta-o no cansaço de cada dia, especialmente em situações difíceis. A este respeito, escreve Santo Inácio de Loyola: "Aja como se tudo dependesse de ti, sabendo bem que, na realidade, tudo depende de Deus" (cf. Pedro de Ribadeneira, Vida de Santo Inácio de Loyola, Milão, 1998).
A segunda parábola utiliza a imagem da semeadura. Aqui, no entanto, se trata de uma semente específica, a mostarda, considerada a menor de todas as sementes. Embora tão pequena, no entanto, ela é cheia de vida; desde sua ruptura nasce um broto capaz de romper o solo, de sair à luz do sol e crescer até se tornar "a maior de todas as plantas do jardim" (cf. Mc 4,32): a fraqueza é a força da semente, sua ruptura é a sua potência. E assim é o Reino de Deus: uma realidade humanamente pequena, composta por quem é pobre de coração, por quem que não confia em suas próprias forças, mas no amor de Deus, por quem não é importante aos olhos do mundo; mas através dele irrompe o poder de Cristo e transforma o que aparentemente é insignificante.
A imagem da semente é particularmente cara a Jesus, porque expressa claramente o mistério do Reino de Deus. Nas duas parábolas de hoje isso representa um "crescimento" e um "contraste": um crescimento que ocorre devido ao dinamismo da própria semente e o contraste existente entre a pequenez da semente e a grandeza do que produz. A mensagem é clara: o Reino de Deus, mesmo que exigindo a nossa colaboração, é antes de tudo dom do Senhor, graça que precede o homem e suas obras. A nossa pequena força, aparentemente impotente diante dos problemas do mundo, se emersa naquela de Deus não teme os obstáculo porque certa é a vitória do Senhor. É o milagre do amor de Deus, que faz germinar e crescer toda semente do bem espalhada sobre a terra. E a experiência deste milagre de amor nos torna otimista, apesar das dificuldades, dos sofrimentos e do mal que nos deparamos. A semente germina e cresce, porque a faz crescer o amor de Deus. A Virgem Maria, que acolheu como "terra boa" a semente da divina Palavra, fortaleça em nós esta fé e esta esperança.
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