A dupla característica do Tempo do Advento, que celebra a espera do Salvador
em glória e na sua Encarnação, emerge das leituras bíblicas festivas. O
primeiro domingo orienta para a parusia final, o segundo e o terceiro chamam a
atenção para a vinda cotidiana do Senhor; o quarto domingo prepara-nos para a
natividade de Cristo ao, mesmo tempo fazendo dela a teologia e a história.
Portanto, a liturgia contempla ambas as vindas de Cristo, em íntima relação
entre si.
O Advento nos convida a viver os mistérios da
Encarnação de Deus feito homem em Jesus Cristo, Ele que recapitulou de modo
concreto toda criação para oferecê-la santa e purificada a Deus Pai e Criador. É
um Tempo que leva a imaginar a segunda vinda do Senhor no fim dos tempos (vinda
escatológica), aquele momento cósmico, no qual, tudo será revestido da glória e
da luz, na nova Jerusalém, o Reino Eterno de Deus. Este tempo nos motiva a preparar-nos
para a vinda do Senhor, que é a nossa verdadeira alegria. Todos os dias o
Espirito procura os homens, e os conduz ao caminho da conversão que o torna corredentor
do mundo com Cristo. Durante este período de preparação que a Igreja oferece a todos,
somos convidados à conversão por meio da oração, das boas obras e pelo
Sacramento da Confissão, o qual nos porta a uma vida nova em Cristo. Diante
destes, somos chamados a viver de maneira autêntica e fiel a nossa vida e
vocação cristã.
O inteiro caminho do ano litúrgico é orientado a
descobrir e a viver a fidelidade do Deus de Jesus Cristo, que na gruta de Belém
se apresenta na forma de uma criança. Em toda a história da salvação Ele é um
percurso de amor, de misericórdia e de benevolência. O amor quando é verdadeiro
tende por natureza ao bem do outro, o maior bem possível, não se limita a
respeitar simplesmente o empenho da amizade, mas vai além, sem cálculo. É próprio do cumprimento do Deus vivo e verdadeiro, no qual, o mistério
profundo vem revelado nas palavras de São João: “Deus é amor” (1Jo 4,8.16). “Este
Deus, em Jesus de Nazaré, assume, em si, a humanidade inteira e lhe dá uma nova
conotação, decisiva, verso um novo ser humano, caracterizado do ser gerado de
Deus e tender a Ele” (Cf Infância de Jesus, Rizzoli-LEV 2012,p.19).
Portanto, toda a liturgia do
Advento é um apelo para se viver alguns comportamentos essenciais do cristão: a
expectativa vigilante e alegre, a esperança, a conversão, a pobreza. A partir
desta perspectiva, caracteriza-se sempre o cristão e a Igreja, porque o Deus da
revelação é o Deus da promessa, que manifestou em Cristo seu cumprimento e toda
a sua fidelidade ao homem: “Todas as
promessas de Deus encontram nele seu sim” (2 Cor 1,20). A esperança da
Igreja é a mesma esperança de Israel, mas já realizada em Cristo. No Tempo do Advento,
toda a Igreja vive a sua grande esperança. O Deus da revelação tem um nome, “Deus da esperança” (Rm15,13).
Seminarista José Arimateia Vieira de Lima, 3° ano de Teologia.
Roma, 03 de dezembro de 2012.
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